4 de outubro de 2009

Não tem nada mais eu no mundo do que você

Steven Paul "Elliott" Smith (6 de agosto de 1969 - 21 de outubro de 2003) foi um cantor, compositor e músico americano. Nasceu em Nebraska, foi criado no Texas, mas viveu a maior parte de sua vida em Portland. Tocava guitarra, piano, clarinete, baixo, bateria e gaita. Tinha uma voz quase sussurante. Tinha depressão, era alcoólatra e viciado em drogas, morreu em 2003 com quatro facadas no peito. A autópsia foi inconclusiva se os ferimentos foram auto-inflingidos.


Antes de ler, dê play.

Após almoço em boa companhia, fui ao pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, para uma feira de universidades francesas. Era bem feira mesmo, com diversas tendas/balcões, uma para cada universidade. Algumas desertas, outras com filas decamétricas, como Sorbonne e Sciences Po. Eu esperava mais, mas das, sei lá, 40 instituições presentes, só umas 5 tinham cursos de artes. Dessas, algumas tinham só artes aplicadas (leia-se design - em todas as suas variações). A grande maioria tinha cursos de business e tecnologia, algumas tinham ciências biológicas.

Saí de lá com folhetos de 3 universidades. Fiquei meio decepcionado com isso. Justo a França, você pensa em França, pensa em arte. Mas depois pensei: talvez seja bom que tenha mais gente no mundo preocupada em fazê-lo funcionar do que em fazê-lo pensar em si mesmo.

Mas saí de lá meio na abstinência, então estiquei a visita ao MAM, onde estava em exposição o 31˚ Panorama da Arte Brasileira. Era de graça, então entrei. Esse ano decidiram fazer a mostra com artistas estrangeiros cujas obras eram influenciadas pela cultura brasileira. Bem interessante.  Um desses artistas era Adrián Villar Rojas, argentino de Rosário, 29 anos, vive em Buenos Aires. Sua obra exposta: Nunca esquecerei Brasil (Nunca olvidaré Brasil), com dezenas de livros coletados em suas perambulanças pelo país. Ele fez intervenções em cada um deles, com textos, desenhos, colagens, etc.

Um deles chamou minha atenção.

Tinha um texto manuscrito a lápis, letras miudas na folha de rosto. O título era Vida de Cristo contada para os homens de nosso tempo. Queria fotografar, mas não deixaram. Ao lado do texto um desenho de um homem ajoelhado na frente de uma lápide, com duas motocicletas voando em rota de colisão com sua cabeça. O texto (transcrito sic):

te amo
te amo
te amo e estou desesperada
te amo e estou desesperada
te amo e
te amo e estou desesperada
te amo e quero estar com você
sonhei com você, com seu rosto, com seu cabelo
NÃO acredito que seja real
você é mais real por fora que por dentro


não vá de novo
sonhe também
que você tinha um gatinho branco
com o rabo listrado
e que era você
e que te poderia te levar para todos lados
e
não tem nada mais eu no mundo
do que você
E como faço sem te ver
Que linda a sua musica
Que lindo você é
Você é o mais especial que já vi na vida
choro e choro
por você e por mim
me dói a cabeça
se voltar a chorar eu morro
estou triste de amor
desesperada de amor
louca de amor


toda mi vida desperdiçada
vou pasar o tempo todo baixando musicas de Elliot Smith

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