31 de julho de 2010

Você é amigo de quem?

Fui essa noite ao show de uma banda curitibana, Rosie and Me. Uma amiga minha curte o som deles e perdeu o show que teve ontem no SESC Consolação, então acompanhei-a ao show de hoje que, segundo ela, era "em algum lugar da Vila Madalena".

Um lugar meio secreto. São-Paulo-indie-underground-offstream.

O show não estava anunciado no MySpace da banda, só no Facebook. A lugar onde foi o show estava listado como um dos organizadores do evento, então procurei o endereço. Estava lá, Rua Tal. Coloquei no Google Maps e a rua não existia.

Notem: não veio resultado nenhum, o que provavelmente significa que não existe uma rua com aquele nome em lugar nenhum no planeta.

Dei uma pesquisada no Google e descobri que o endereço estava errado no Facebook, era Rua Etc-e-Tal. Beleza. Essa tem no Google Maps, fica mesmo na Vila Madalena, travessa daquela rua que eu conheço, eu sei chegar lá.

Só que o endereço era Rua Etc-e-Tal s/n. Sem número. Tudo bem, pensei. Chegando lá vamos ver uma porta com alguém na frente, talvez um manobrista, ou pelo menos uma placa escrito: É AQUI.

Não. Chegamos lá e a rua estava deserta. Era uma travessa de um quarteirão, só residências. Todas as portas fechadas. Andamos de uma ponta a outra e eu ouvi uma música. Parecia vir de uma garagem. Fomos em direção a ela e alguém abriu a porta e saiu. Perguntei: "é aí?". Ele respondeu: "é aqui mesmo".

Entramos, pegamos a comanda, tudo ok. Era uma casa de avó convertida em ... nada, era uma casa de avó sem móveis com um espaço para a banda na sala e uma parafernália de som. No quintal, sofás e um bar. A decoração tinha um manequim pintado, uns pôsteres de exposições de design, bandeirolas de festa junina, um quadro enorme com a pintura de uma igreja com patas de vaca (atrás do "palco") e uma placa da Prefeitura dizendo que era proibido jogar lixo e entulho. Acho que posso chamar isso de objet-trouvé.

(A tal placa dizia que os infratores estariam sujeitos a apreensão e multa de R$ 500. Fiquei pensando em como é difícil se desfazer de entulho na cidade de São Paulo, e me pareceu muito conveniente pagar R$ 500 para a Prefeitura apreender o meu lixo.)

Eram duas bandas, na verdade, e o show da primeira, Hidrocor, ainda não havia começado. Porque eles ainda não tinham chegado lá, mas tudo bem.

Todo mundo lá parecia se conhecer. Tinha um careca que era idêntico ao meu professor de História do 3o colegial, um dos melhores professores da minha vida, e se não fosse pela voz eu juraria que era ele mesmo. Até porque era bem a cara dele estar lá naquele lugar. Ele conversava com todo mundo, aliás todo mundo conversava com todo mundo. Ficamos nos sentindo como se tivéssemos entrado de penetra numa festa na casa da avó de alguém.

Eu tinha visto no evento do Facebook que uma antiga colega da ECA estaria lá. Eu não falava muito com ela, nem pensei que ela fosse me reconhecer, mas reconheceu e veio me cumprimentar.

"Oi Toni, há quanto tempo! Nunca te vi aqui... você é amigo de quem?"

Nosso atestado de penetras. Era preciso ser amigo de alguém para estar lá. Tudo indicava que uma pessoa não deveria chegar lá sem conhecer ninguém, mas nós chegamos. E já que estávamos lá, curtimos o show que foi bem legal.

Agora, vocês vão me desculpar, mas acho que não posso revelar o nome do local nem o endereço. Vocês são amigos de quem?

4 comentários:

  1. Hahahahahaha... Olha, acho que eu até poderia ir a este show, por que conheco a banda e sou amiga de um amigo de um dos caras da banda. Mas veja bem, não fui convidada então... Não devo ser tão amiga assim! :)

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  2. não sou amiga desse povo ai, mas sou da gangue da tadsh. coisa fina, elegante e sincera.

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  3. Os indies estão cada dia mais chatos (se é que isso é possível)

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  4. Te dizer que esse tipo de "show" é legal de ir, mas quando você conhece toda galera, quando entra assim fica meio estranho, aquelas pessoas olhando com a cara de "é amigo de quem?"

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