23 de março de 2009

Radiohead de 0 a 10

(Talvez eu devesse intitular este post de "Just a Fest de 0 a 10", porque é injusto com as outras bandas que tocaram, mas quando eu comprei o meu ingresso as outras bandas ainda nem estavam confirmadas, então vai assim mesmo)

Fui ao show do Radiohead ontem no festival Just a Fest, em São Paulo. Na verdade, não sei se dá pra chamar de festival. Foi bem modesto, pra um festival. Não costumo ir a shows assim (meu último festival foi o Coca-Cola Vibezone, em 2003), mas pelo que me lembro um festival tem muito mais atrações, não só três bandas. A música foi ótima, não vou ficar de mimimi aqui falando sobre as canções que eu queria ouvir e que não foram tocadas (mesmo porque tocaram até You and Whose Army e eu fiquei feliz). A seguir, analiso os 11 pontos que mais me chamaram a atenção.

Nota Zero: Localização. A Chácara do Jockey fica numa região nada central, numa área nada segura, sem estacionamento. Tinha um estacionamento oficial, ok, mas que ficava a uns 500 metros do local, num terreno lamacento. Se é pra pagar 35 reais pra parar no estacionamento oficial, quero que o manobrista seja o Thom Yorke. Isso se você consegue chegar ao estacionamento, certo? Porque a Chácara do Jockey também fica em um lugar que só tem acesso por UMA avenida, a Eliseu de Almeida / Pirajussara, que ainda por cima estava em obras do metrô e intransitável. Essa questão esbarra em outra ainda mais urgente, que é a falta de infra-estrutura em São Paulo para receber shows e outros eventos deste porte. As casas de show até que não fazem muito feio aqui, mas pra fazer um espetáculo pra 30 mil pessoas ainda falta um bom lugar. O show do Iron Maiden no Autódromo foi FAIL total, segundo me contaram. O Just a Fest fez menos feio, mas mesmo assim não foi fácil chegar lá. Pra mim, o ideal seria um lugar mais ermo, bem fora da cidade, mas com acesso fácil por transporte público - especialmente trem ou metrô com esquema especial - e muito estacionamento em volta. Mas nem pro futebol, que é a atração mais popular aqui, tem essa estrutura. Os principais estádios de São Paulo (Morumbi, Pacaembu e Palestra) são no meio da cidade, não têm estacionamentos decentes, etc.  Acho que o melhor é o Palestra, que pelo menos tem metrô, trem e corredor de ônibus perto. O sofrimento do torcedor começa no caminho pro estádio. Não quero estar por aqui na Copa de 2014. Pra comparar, vejam o Old Trafford, estádio do Manchester United. Fica perto do porto, área industrial com pouco movimento nos horários de jogo. Tem uma estação de trem na porta e muito estacionamento em volta. E não dá pra dizer que é porque é um estádio novo, porque ele foi construído em 1910.

Nota 1: Banheiros. Tenho pena das pessoas que vão limpá-los. Se fosse eu, tocaria fogo. Sem luz dentro daqueles cubículos não dava pra ver o que se estava fazendo. Lamentável. E a dificuldade de saber qual estava ocupado e qual estava livre fez muitos homens usarem as paredes. Além disso, quase caí na escada que tinha um degrau mais alto que os outros e não estava iluminada. (Realmente acho que quem montou os banheiros imaginava que o show seria durante o dia)

Nota 2: Piola. Aquela pizzaria bacana, presente no Brasil e mais 5 países, tinha um ponto avançado no show. A pizza estava boa, apesar do preço da fatia (R$ 8), mas pelo menos era menos absurdo do que cobrar o mesmo preço por um hot dog. O problema mesmo era conseguir comprar. A fila não estava organizada como as filas dos caixas, então era aquela coisa de sempre. Empurra-empurra, encoxa-encoxa, e você pega a primeira pizza que vier porque não sabe quando vai sair a pizza que você quer.

Nota 3: Público. Não sei o que é pior, as tietes nos ombros dos namorados que atrapalham a visão dos outros, ou os caras que praticam tiro ao alvo com latinhas tentando derrubá-las. Sinceramente, simpatizo mais com os segundos, que são os provocados. Fora isso, muito lixo no chão (mesmo fora da muvuca) apesar das lixeiras espalhadas. Duas meninas jogando lixo do meu lado quando eu estava sentado ao pé de uma árvore. Um cara gigante se esticando por cima de duas meninas baixinhas para pegar pizza (o pior é que conseguiu).

Nota 4: Lamaçal. O grande problema de fazer um show num local não pavimentado é que, se chover, vai ter lama. E tinha muita, especialmente onde não tinha grama.

Nota 5: Saídas. Só tinha uma saída aberta pra 30 mil pessoas. E a saída era um caminho de uns 500m, descida, num terreno irregular e lamacento. Correu tudo bem, até onde eu sei, mas teria sido mais fácil se tivessem liberado alguma outra saída.

Nota 6: Telões. Estavam bons, bem grandes e tal. Os letreiros durante o show do Kraftwerk foram ótimos, completando a música. Não mostraram muito os músicos, mas também não tinha muito pra ver (eram só os 4 caras em púlpitos tocando seus Vaios. DUCA). Os telões falharam em alguns momentos durante o Radiohead, mas acho que o principal problema foi terem dividido o quadro em 4 durante a apresentação deles. Não precisava ser míope para não conseguir separar as imagens, se você estivesse longe. Entendo que tinha uma concepção estética envolvida, mas acho que isso não pode atrapalhar a visualização do show. Era preferível que alternassem os artistas na tela, mostrando 1 de cada vez.

Nota 7: Serviços. Nisso a organização mandou bem. Não peguei fila para buscar o ingresso (mesmo tendo ido em cima da hora), não peguei fila para entrar, não peguei filas absurdas para comprar fichinhas de comida e bebida. O único problema foi que o caixa que tinha uma faixa dizendo DINHEIRO/CARTÃO parou de aceitar cartão porque a máquina pifou. Deviam ter uma máquina sobressalente ou, pelo menos, trocar a faixa.

Nota 8: Som. Foi perfeito, dava pra ouvir de qualquer ponto, dava pra entender os vocais. Mas também, isso é o mínimo que se espera de um show deste porte. Achei que teve um ruido de microfonia durante o show do Radiohead, mas talvez tenha sido só impressão. O único problema é que alguns acharam um pouco baixo durante o show dos Los Hermanos (0 que eu achei ótimo).

Nota 9: Local. A Chácara do Jockey é, lá dentro, um bom lugar pra show. Tem bastante espaço, então não ficou apertado. Os bares e caixas conseguiram atender todo mundo (exceto a Piola), e quem reclama disso é porque fez questão de ir no que estava lotado. Se tivesse uma localização melhor, e melhor estrutura de banheiros, teria nota 10.

Nota 10: Pontualidade. Os shows começaram na hora marcada, terminaram na hora marcada e fizeram intervalos na hora marcada. Bem britânico. Coisa difícil de se ver, especialmente com várias bandas.

E você, foi ao show? O que achou?

4 comentários:

  1. A única coisa que eu posso dizer é que COMO deram mais atenção ao Los Hermanos e só exibiram 30 minutos de Kraftwerk e uma hora de Radiohead na TV? =P

    Mas é assim mesmo. Brasileiro é um povo porco e que não sabe se organizar direito. Ou vai me dizer que não?

    Mas todo festival tem seus defeitos. Até o Glastonbury. :D

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  2. Toniii, concordo com você em vários pontos... banheiros nojentos e escuros, lama fedida lá dentro, saída perigosa naquela descida, o caos no trânsito (gastei R$37 daqui da agência até lá). Em compensação o show foi incrível, o palco estava maravilhoso e ao contrário de você, achei o máximo o telão dividido em 4. Ah, tbm notei a microfonia.
    Este show entrou para o meu top Five!!!

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  3. flavitavalsani3/23/2009 2:48 PM

    Um dos melhores posts sobre shows ever.

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  4. Toni.
    O item "nota 3: Público" merece um adendo.
    "Alguns" fãs de Los Hermanos, em vez de irem embora, preferiram ficar conversando/grasnando durante as apresentações de Kraftwerk e Radiohead. Aliás, não entendo a devoção quase messianica por uma banda tão comum como o Los Hermanos). A inexistência somada a necessidade irracional de se devotar a algo ou alguém promove medíocres (no sentido de mediano) a gênios.
    Abraço!

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